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Freiherr Wilhelm Ludwig Raban von Mentzingen

Wilhelm Ludwig Raban Freiherr von und zu Mentzingen (Menzingen, Grão-Ducado de Baden9 de fevereiro de 1827[1][2][3] - Iguassu, Brasil, 6 de junho de 1902), também conhecido como Barão Guilherme de Mentzingen, foi um nobre alemão, fazendeiro e agrimensor que viveu no Brasil na segunda metade do século XIX.

Nascido em Menzingen, no Grão-Ducado de Baden, em 1827,[1] Wilhelm era membro da casa baronal dos Senhores de Mentzingen,[4][5] tendo herdado de seus ancestrais o título de Freiherr (Barão).[6], título este que todos seus descendentes em linha legítima masculina herdaram como parte das regras sucessórias da nobreza alemã, onde segundo as mesmas regras fica exclusivo ao primogênito apenas a herança das terras e propriedades[3][2] A família está inscrita no Almanaque de Gota – principal referência da alta nobreza européia desde o século XVIII – e ao menos em mais quatro obras de referência das famílias nobres alemãs: Neues allgemeines deutsches Adels-LexiconGothaisches genealogisches Taschenbuch der freiherrlichen Häuser[7][8], Genealogisches Handbuch des Adels e Gothaisches Genealogisches Handbuch.[2][3] A nobreza alemã foi extinta em 1919, porém seus membros continuam a usufruir de suas propriedades seculares e manutenção dos títulos em forma de sobrenome e/ou em forma de citações nos livros da nobreza alemã.[6][4][3][2] A família no decorrer dos séculos ocupou cargos, ministérios, e ajudou a fundar associações de notável importância[5]

Acervo familiar. Foto fornecida por Herculano Mentzingen

Acervo familiar.

Seus pais eram o Freiherr Christian Ernst von Mentzingen[1], nascido em Menzingen no ano 1790 e Maria Antoinette Carolina Heinriette von Leutrum[1], nascida em Augsburg, Baviera no ano 1794. Seu pai, inclusive, foi Camareiro do Grão-Ducado de Baden, servindo ao Grão-Duque. Militar, começou como Tenente, avançando para Tenente-Coronel até alcançar o posto de Coronel Russo, servindo ao Czar Alexandre I e posteriormente ao Czar Nicolau I, onde lutou na Guerra Russo-Turca de 1828/1829, na supressão do levante polonês de 1830 a 1832, conhecido como Levante de Novembro e serviu na guarnição nas províncias do báltico de 1832 a 1836. Lutou em batalhas no norte Cáucaso. Foi condecorado como Cavaleiro da Ordem de São Vladimir, instituída por Catarina II da Rússia, a Grande. Lutou na campanha russa de Napoleão, onde foi condecorado como Membro da Legião de Honra Francesa, instituída por Napoleão Bonaparte. Seu tio, Carl Peter, foi Major em Württenberg e foi Cavaleiro da Ordem Militar do Mérito de Württenberg e desde 1812, membro da Legião de Honra Francesa, instituída por Napoleão Bonaparte.[9][10]

Wilhelm era o filho mais novo do nobre casal. Tiveram ainda outros seis filhos, sendo: Otili (1816), Maria (1816), Hermann (1817), Mathild (1818), Constantin (1821) e Ernst (1823)[6]. Mathild(1818), por exemplo, casou-se com Heinrich Gustav Ludwig Freiherr von Freystedt, descendente ilegítimo, porém reconhecido, do primeiro Grão-Duque de Baden, Carlos Frederico [11]. Seu irmão, Hermann(1817), era Mestre de Cavalaria do Grão-Ducado de Baden e Senhor das terras de Menzingen[6] e pai de Peter von Mentzingen(1854-1939), membro do parlamento do Grão-Ducado de Baden de 1905 a 1918, e Friedrich von Mentzingen(1856-1922), diplomata alemão[3]. Seu irmão Constantin(1821) foi militar.[12] Apenas Wilhelm e seu irmão Hermann(1817) deixaram descendência, onde as atuais linhas da família descendem desses dois.[3]

Acervo familiar.

Acervo familiar. Foto fornecida por Jeanine Mentzingen

Mudou-se para o Brasil por volta de 1850 e passou a residir no então município de Iguassu, próximo à freguesia de Santana das Palmeiras,[13] localizada no topo da Serra do Tinguá, no estado do Rio de Janeiro. Ali adquiriu uma extensa propriedade de terra entre a freguesia e o município de Vassouras que chamou de fazenda Monte Ararat[14] onde dedicou-se à produção agrícola de café,[13][15] principal produto da região naquele período. Além da atividade agrícola, Wilhelm exercia a profissão de engenheiro agrimensor[16] e tornou-se conhecido por sua notável habilidade.[17].

Acervo familiar.

Fazenda Monte Ararat. Foto enviada por Maria Glória 

Mentzingen Jagger. 

Imagem recente do atual estado do túmulo do Barão Guilherme, que por sinal, encontra-se danificado. Fotografia de Sebastião Deister. 

Foto tirada do túmulo em 1994 por Márcio Mentzingen, no qual também se enconra presente na foto. Na época, é possível notar que o túmulo encontrava-se em melhor estado de conservação. Foto de Márcio Mentzingen

Muitas referências em seu nome podem ser encontradas em diversos periódicos fluminenses impressos na segunda metade do século XIX, como o Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro (Almanaque Laemmert), o Jornal do Commercio, entre outros. As menções feitas são variadas: indicações de seus serviços como agrimensor e lavrador[13], citações elogiosas,[17] comunicações de viagem[18] e outros diversos relatos.[19] [20]. Era conhecido e referenciado nas publicações da época pelo equivalente idiomático de seu nome em português: Guilherme de Mentzingen.[15]

Em 1852, realizou a medição topográfica da fazenda Campos Elíseos pertencente ao Coronel Peregrino José de Américo Pinheiro, primeiro barão e visconde com grandeza de Ipiabas.[21] E, ainda, por volta de 1883, fez a planta do terreno como parte do espólio do mesmo visconde.[22] No ano de 1877, organizou e liderou uma expedição com quarenta roçadores para abertura de um caminho na Serra do Tinguá onde seria feita uma excursão pelo então Príncipe Imperial do Brasil, o Conde d’Eu. Além da preparação do caminho foram erguidas instalações para a “dormida de Sua Alteza” Imperial.[19] Em 2014 a Baronesa Bernadette de Mentzingen, sobrinha trineta de Wilhelm, casou-se com o Conde Melchior Schönborn-Buchheim, sendo este filho de Isabel de Orléans e, por conseguinte, descendente da Família Imperial brasileira.[3][23]. Concluiu ainda em 1877 a medição da fazenda Monte Líbano, administrada pelo Barão de Paty do Alferes.[24] Foi também um dos subscritores do abaixo assinado elaborado pelo Barão de Paty do AlferesFrancisco Peixoto de Lacerda Vernek, pedindo ao governo Imperial uma Paróquia para a freguesia de Santana das Palmeiras.[24]

Algumas polêmicas envolveram a vida de Wilhelm no Brasil. Em certa ocasião, por exemplo, um feitor de sua fazenda possivelmente maltratou um escravo, de nome "Joaquim Mina", de maneira excessivamente rude - a economia da época era escravagista e a fazenda Monte Ararat explorava mão de obra escrava. Não é claro se a ação do feitor aconteceu sob ordens de Wilhelm[25].

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Casou-se com a brasileira Antônia Maria dos Santos, por volta de 1857, com quem teve nove filhos, sendo eles: Guilherme (1859 - 1922), Alfredo (1861 - 1920), Cecilia (1863), Ernestina (1867), Isaltina (1869), Almerinda (?), Adolpho (1875 - 1913), Franklin (?) e Guilhermina (?). Guilhermina(?), sua filha mais nova, casou-se com Sebastião Francisco Corrêa, neto de Francisco Quirino da RochaBarão com grandeza de Palmeiras. Os outros filhos de Wilhelm, pelo menos alguns deles, casaram-se com pessoas membros da elite local do Vale do Paraíba, como família de fazendeiros, etc. Wilhelm é ancestral comum do inteiro ramo da família de Mentzingen no Brasil e a maior parte de seus descendentes ainda vive no país nos estados do Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina.[15]

Fonte: WILHELM LUDWIG RABAN VON MENTZINGEN. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2020. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Wilhelm_Ludwig_Raban_von_Mentzingen&oldid=59888272>. Acesso em: 27 nov. 2020.

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