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Wilhelm segundo um historiador...

O professor Sebastião Deister é pesquisador da história da região onde hoje compreende Miguel Pereira e outras regiões e é um grande um estudioso do assunto e em algumas de suas obras cita Wilhelm, no caso Guilherme de Mentzingen, como era conhecido no Brasil. Deister destaca a atuação de Wilhelm no Brasil.

 

 

Quem foi Wilhelm nas palavras do professor Deister ?

Acervo familiar.

Segundo o professor Sebastião Deister, "Guilherme de Mentzingen foi um qualificado agrimensor que realizou dezenas de medições judiciais na Serra do Tinguá, a pedido de vários proprietários e especialmente atendendo a solicitações da família Werneck, de quem era muito íntimo. Foi um dos subscritores do abaixo-assinado preparado pelo Barão de Paty entre os anos de 1852 e 1854 que pedia ao Reino um Alvará para a criação de uma Paróquia na Vila de Santana das Palmeiras junto à Estrada do Comércio, na mata do Tinguá. Seu corpo encontra-se sepultado no pequeno cemitério de Arcádia.

 

A Fazenda Monte Líbano, cujas terras hoje se encontram inseridas no território de Miguel Pereira, foi uma das cinco propriedades administradas pelo Barão de Paty do Alferes (Francisco Peixoto de Lacera Werneck) ao longo da primeira metade do século XIX. À época, toda sua área – contornada pelas fazendas das Palmeiras, Piedade e Vera Cruz – pertencia à Freguesia de Paty do Alferes, terra do Barão.

 

Quanto à fazenda Monte Ararat, suas terras localizavam-se em um logradouro denominado Bomfim (hoje Arcádia) mais abaixo da serra em que se construíra Monte Líbano. Por muitos anos, Monte Ararat constitui uma propriedade da família de Joaquim Portella, mas não se tem notícia de que ela tenha desempenhado papel de importância na produção de café da época, dedicando-se somente à produção agropecuária nas décadas finais do século XIX até a metade do século XX.

 

  • FAZENDA DO MONTE LÍBANO

Comprada em 1844 a Duarte José do Rego Gouveia, ficando, pelo inventário, para Manoel Peixoto de Lacerda Werneck, filho do Barão de Paty. Como informação adicional sobre essa propriedade, outrora tão importante e rica – atualmente em ruínas – e hoje absolutamente desconhecida pela população serrana, transcreveremos a seguir sua MEDIÇÃO JUDICIAL, mantendo na reprodução tanto a ortografia quanto a sintaxe da época."

        

“ ATTESTO E FAÇO CERTO

          Que fui convidado pelo DR. MANOEL PEIXOTO DE LACERDA WERNECK, proprietário da Fazenda denominada do Monte Líbano, sita na Freguesia de Sant´Anna das Palmeiras, Município de Iguassú, para aviventar os rumos antigos de sua fazenda e medir para levantar a planta da mesma juntamente com o calculo superficial.

          Para esse fim fomos ao Marco angular das terras compradas a BENTO ANTONIO MOREIRA DIAS, para o lado do Norte, na linha divisoria das terras que foram compradas ao fallecido DUARTE, deste Marco segui na divisão de 58º 30´ do Quadrante Sudoeste por meio de um cafesal da mesma fazenda, accompanhando depois uma cerca de espinhos na divisa com o Commendador FELÍCIO AUGUSTO DE LACERDA, encontrando depois uma matta virgem, passando sempre por vestigios da medição antiga, chegando-se com 1.500 braças ou 3.300 metros, ao fim da linha a qual estava assignalada com um Marco de pedra bruta.

          Deste lugar se seguiu em direção de 31º 30´ Sudoeste, e se mediu a divisa com terras devolutas 586 braças, ou 1.289 metros, aonde estava fincado outro Marco que faz canto das terras de JOSÉ DA ROCHA CHAVES; deste Marco se chegue a uma linha parallela à da primeira 58º 30´ Noroeste, pela divisão do mencionado ROCHA, e se mediu até o canto 1.500 braças, ou 3.300 metros, aonde se tem um Marco de pedra bruta, de cuja pedra se segue na direção de 31º 30´ Noroeste e se mediu até uma cerca de espinhos 66 braças, ou 145, 20 metros, accompanhando esta cerca de espinhos, pelas diversas direcções, conforme mostra a planta junta, se seguindo no fim da mesma cerca, o ribeirão denominado de Prata, até a proximidade do rio Santana, aonde se encontra a linha divisoria dos terrenos pertencentes aos herdeiros do finado VICENTE FERREIRA, cujo rumo corre na direcção de 74º¬ Noroeste, e seguindo este rumo e medindo 816 braças, isto é, 1.795,20 metros, se chegou no canto dos terrenos que são hoje de JOSÉ JOAQUIM DA FONSECA, onde se achou cravado um Marco de pedra bruta. Desse marco segue o rumo antigo da Sesmaria do Padre Werneck, hoje dividindo com o Commendador FELÍCIO AUGUSTO DE LACERDA, e mediu na divisão de 69º Sudoeste, e até encontrar o rumo do princípio da nossa orientação 560 braças ou 1.232 metros.

          Formando desta forma a configuração deste terreno uma configuração toda irregular com uma área de 1.163.966 braças quadradas, equivalentes a 563 hectares, mais 30 ares e 96 centiares (m2). E por me ser pedido, passo o presente por mim  feito e assignado.

          MONTE LÍBANO, 22 DE SETEMBRO DE 1877

          GUILHERME DE METZINGEN

          José Joaquim da Fonseca, A ROGO de D. Margarida Joaquina de Almeida Fonseca

          Joaquim Teixeira Portella (NOTA: foi um dos primeiros proprietários da Fazenda Monte Ararat)

          José da Rocha Chaves

          Anna de Jesus Rocha

          Manoel Vicente Pereira da Silva

          Paulina Maria da Silva

          Luiz Quirino da Rocha Gomes

          Thereza de Jesus Maria Gomes

          João Nicoláo Pereira da Silva

          Indelvinda Lucinda da Rocha Silva

          Pp. Commendador Felício Augusto de Lacerda, Affonso da Costa Braga

          A ROGO de D. Maria da Piedade Ribeiro de Lacerda, Affonso de Costa Braga

          IGUASSÚ, 23 DE NOVEMBRO DE 1877

          Estavam selladas e devidamente inutilizadas 2 estampilhas do valor total de 400 réis.        

          Nada mais se continha e nem declarava do que dou fé, apontado em seus autos de medição e aviventação dos rumos da Fazenda do Monte Líbano, que correu pelo Cartório do Escrivão, JOAQUIM IGNÁCIO BUENO DE FARIA, da VILA DE IGUASSÚ, em que são Supplicantes o Dr. MANOEL PEIXOTO DE LACERDA WERNECK e sua mulher D. EVELINA TEIXEIRA DE MACEDO WERNECK, de cujo apontado EU, TABELLIÃO, fiz pedido da parte extrahir a presente PUBBLICA FORMA que conferi, achei-a em tudo conforme e subscrevo-a e assigno em pubblico e razo, nesta cidade do Rio de Janeiro, Capital Federal da República dos Estados Unidos do Brasil, em 16 de janeiro de 1897.

          EU, PEDRO EVANGELISTA DE CASTRO, TABELLIÃO

          Subscrevo e assigno em Pubblico e razo.

          Em testemunha da verdade (estava o signal pubblico), PEDRO EVANGELISTA DE CASTRO

 

          Nada mais se continha em a Pubblica Forma que me foi apresentada para ser reproduzida em copia legal e authentica, tendo da mesma feito extrahir a presente Pubblica Forma que, depois de conferida e arrestada por Tabellião companheiro, achada em forma, entreguei o original ao portador e esta que subscrevo e assigno nesta cidade do Rio de Janeiro, Capital Federal dos Estados Unidos do Brasil, em 30 de maio de 1920.

          EU, ARTHUR CARDOSO DE OLIVEIRA, TABELLIÃO INTERINO, QUE SUBSCREVO E ASSIGNO.

          15º ¬ TABELLIÃO T. MOREIRA”

 

 

"Inventariada após a morte do Barão de Paty (ocorrida em 1861), Monte Líbano coube a seu quarto filho, o Dr. Manoel Peixoto, que recebeu suas terras e mais os bens de raiz com 350 braças de testada em quadra. A fazenda, situada numa das faldas mais ensolaradas e férteis das montanhas que circundam Vera Cruz, bem a cavaleiro do rio Santana, foi grande produtora de café na metade do século XIX, mas hoje restam lá apenas os destroços de seu naufrágio. Nela, a propósito, pernoitou, em 1875, o Conde d´Eu quando de sua visita de cortesia às propriedades do amigo Manoel Peixoto e à Fazenda de Arcozelo, do Visconde do mesmo nome.

          Manoel faleceu em 23 de março de 1898, um ano depois de determinar a medição correta de sua fazenda, deixando viúva d. Evelina Teixeira de Macedo Werneck e órfãos os filhos Olívia, Sérgio e Francisca.

          Lá pela metade do século XX, um empresário de Miguel Pereira tentou transformar a velha Monte Líbano num Hotel Fazenda, nela alocando inclusive um pequeno cassino, mas tal empreendimento revelou-se um fracasso. Hoje, a propriedade pertence ao espólio da família de Ivo Pontes, de Miguel Pereira."

 

Fontes: 

1) DEISTER, Sebastião. Serra do Tinguá: 300 Anos de Conquistas: do século XVII ao século XX. Volume II: Em Busca do Ontem Perdido, p. 271-274. Dedalus Editora. Rio de janeiro: 2004

2) DEISTER, Sebastião. Breve histórico sobre Guilherme de Mentzingen enviado via e-mail para Rafael de Mentzingen. Título: Guilherme de Mentzingen e a Fazenda Monte Líbano. E-mail enviado em 06/12/2013. 

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